terça-feira, 27 de novembro de 2012

FERTILIDADE E NUTRIÇÃO

Infertilidade é uma doença definida pela falha em se obter gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares e desprotegidas. Avaliação do status reprodutivo antes do período de 12 meses é justificada conforme histórico e exame físico do casal avaliado. A avaliação também pode ser mais precoce em mulheres com mais de 35 anos de idade, após período de seis meses de tentativa. Estima-se que 10 a 20% dos casais sofrem de infertilidade. Parece haver um aumento dessa incidência na população geral devido principalmente ao aumento da idade das mulheres quando desejam engravidar e a mudanças de estilo de vida, seja pelo tabagismo, etilismo e ate mesmo devido a alterações nos hábitos alimentares.
A relação entre obesidade e fertilidade tem ganhado cada vez mais atenção devido ao rápido aumento na incidência de obesidade principalmente no mundo desenvolvido. 
Do ponto de vista da nutrição, para se atingir o objetivo da concepção é importante um índice de massa corporal (IMC) dentro do nível de eutrofia (adequado), que varia de 18,5 a 24,9 kg/m². Obtendo-se esse peso adequado, algumas conseqüências quem vem com obesidade tendem a se estabilizar, há melhora da ação da insulina, do cortisol, liberação de homocisteína e diminuição do estresse oxidativo, que estão diretamente relacionados à fertilidade masculina e feminina.
A perda de peso saudável deve gradativa. De acordo com alguns consensos de até 1 kg por semana, além disso a dieta não deve ser muito restritiva, pois desta forma, pode ser mantida por mais tempo, evitando assim, o "efeito sanfona".
A perda de peso de 5 a 10% já restabelece a função ovariana e melhora a resposta à indução a ovulação.
A restrição energética da dieta não é o único ponto importante para se atingir o peso adequado e melhorar a fertilidade, é importante a ingestão de alimentos ricos em vitaminas e minerais, e especificamente neste tema, os mais importantes são as antioxidantes.
Alguns exemplos:
Vitamina A
A deficiência desenvolve a degeneração e queda do número de espermatozóides. A melhor maneira para ingerir a vitamina A é consumir alimentos com o seu precursor: Betacaroteno.
Alimentos fonte: cenoura, mamão, manga, abóbora, batata doce, pimentão vermelho, aspargos, ervilhas, brócolis, salsa, espinafre, couve-flor e óleo de fígado de bacalhau, ovos, entre outros.
Vitaminas do Complexo B
Conhecidas como “vitaminas do estresse” - participam da formação do sistema nervoso saudável e do balanço hormonal. Sua deficiência pode levar ao excesso de estrogênio, dificultando a fertilidade.
Alimentos fonte: grãos integrais , carnes em geral, laticínios, oleaginosas, entre outros.
Vitamina C
Melhora a mobilidade e quantidade de espermatozóides. Parece ser responsável pela função ovariana e desenvolvimento do ovo. Importante para a barreira imunológica;
Alimentos fonte: frutas como laranja, limão, cajú, goiaba, kiwi, acerola, morango, e vegetais: tomate, brócolis, couve-flor, aspargos, couve-manteiga,  pimentão, folhosos, alimentos enriquecidos, entre outros.
Vitamina D
Melhora da secreção e ação da insulina, melhora da ovulação, maior probabilidade de gravidez após FIV (fertilização in vitro).
Alimentos Fonte: Ovos, carne vermelha, peixes e laticínios – EXPOSIÇÃO AO SOL, com moderação!
Vitamina E
Melhora a qualidade dos espermatozóides e função reprodutiva.
Alimentos fonte: germe de trigo, grãos integrais , nozes, óleos vegetais e animais, entre outros.
Flavonóides
Prepara o útero para implantação do ovo, por tonificar e aumentar a resistência das paredes dos vasos capilares, fortalecem a mulher contra o aborto.
Alimentos fonte: brócolis, couve-flor, repolho , pimentão verde, chá verde, maçã, azeitona, alface, cacau, cebola, vinho tinto, entre outros.
Zinco
Presente no plasma seminal.
A deficiência pode levar a níveis mais baixos de testosterona e inibição da espermatogênese.
Relacionado a quantidade de espermatozóides, motilidade progressiva, capacidade de fertilização;
Alimentos fonte: ostras, carne bovina, fígado de galinha, carne de peru escura, feijões, germe de trigo, amêndoas, leveduras, entre outros.
Selênio
A maior parte do selênio encontrado está no sêmen. Esse mineral é tão importante quanto o zinco para a produção de esperma saudável.
——Alimentos fonte: grãos integrais e ovos.
Ácido fólico (vitamina B9)
——Essencial durante a gravidez; ↓ defeitos do tubo neural de 50 para 70 % quando as mulheres obtêm a quantidade suficiente de ácido fólico.
O momento mais importante para evitar esses defeitos é durante as primeiras semanas após a concepção.
——Alimentos fonte: cereais enriquecidos , feijões, espinafre, suco de laranja , abacate, couve-de-bruxelas e frutas e vegetais em geral.
Fibras
A fibra retarda a absorção de açúcares no intestino, impedindo uma grande onda de insulina após a refeição. A recomendação é de, aproximadamente, 25 gramas ao dia.
——Alimentos fonte: cereais integrais, aveia em flocos, farelo de trigo, frutas com casca, vegetais em geral.
Além disso, é interessante o consumo de alimentos considerados "moduladores" de hormônios, estes são ricos em antioxidantes e compostos fitoquímicos que irão melhorar o metabolismo de uma forma geral.
Há ainda, alimentos considerados "moduladores", pois melhoram a ação de alguns hormônios diretamente relacionados à fertilidade como insulina e cortisol e diminuem inflamação, contribuindo para o emagrecimento.
São eles:
Aveia: rica em beta-glucana uma fibra solúvel reponsável pela ↓ índice glicêmico dos alimentos, controle de LDL, melhora de obstipação intestinal – rica em triptofano  que ajuda no ↑ da serotonina, controlando compulsão por doces.
Biomassa ou farinha de banana verde: contêm amido resistente que tem ação semelhante a fibra alimentar. Não é absorvida pelo organismo, sendo fermentada no intestino pelas bactérias benéficas, melhorando a saúde intestinal. Além disso, é um alimento que ↓ o IG de alimentos que contêm carboidratos fazendo com que a glicose seja liberada e absorvida  lentamente, prevenindo e controlando diabetes e peso corporal.
Canela: contem cinamaldeído, o que confere um poder antimicrobiano a esta especiaria, além disso, contem cromo e polifenóis, que melhoram a sensibilidade à insulina e controlam a glicemia (estimula sinalização intracelular de insulina).
Cacau: composto de 37% de catequinas, 4% de antocianinas e 58% de procianidinas. Melhoram sensibilidade à insulina, modulam cortisol, LDL, e pressão arterial.
Chá verde: contêm polifenóis que são antioxidantes, diminuem portanto, o estresse oxidativo, aumentam a lipólise, controlam a glicemia e colesterol e previne contra cânceres, contem L- teanina, um amonoácido que ajuda no controle do bom funcionamento do cortisol.
Oleaginosas e abacate: ricos em beta-sitosterol e glutationa. Substâncias antioxidantes que controlam cortisol e estresse oxidativo.
Azeite de oliva: rico em tirosol e hidroxitirosol,  lignanas , fitoesteróis e o beta-sitosterol, também têm efeitos no estresse oxidativo e controle de perfil lipídico (colesterol).
Cúrcuma: reduz expressão de mediadores pró-inflamatorios, melhora a resistência a insulina e controle glicêmico, efeito supressor da angiogênse no tecido adiposo, favorecendo o emagrecimento e diminuição do % de gordura.
Hibisco e Romã: Por serem ricos em flavonóides, (romã tem ácido elágico), atuam como poderosos antioxidantes, auxiliando no combate aos radicais livres, prevenção de câncer, diminuição da gordura circulante do plasma e do fígado e controle de glicemia.
Pimenta vermelha (Capsaicina): Possui a capacidade de reduzir a quantidade de radicais livres no organismo por modular a formação de moléculas pró-inflamatórias através de ações sobre a ciclo-oxigenase (COX-2), prostaglandinas (PGE2) e fator de necrose tumoral (TNF-α), que estão associadas com doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, aterosclerose e câncer.
Batata yacon: in natura reduz até 70% da glicemia pós prandial (após as refeições) – rica em FOS
Óleo de coco: rico em TCM - utilizado como alimento, controla a glicemia, reduz gordura abdominal e é um ótimo antifúngico e antibactericida, pois possuiu acido láurico e caprilico em sua composição. Obs: Procure um profissional nutricionista para saber a quantidade ideal de consumo.
Café: melhora sensibilidade à insulina, previne DM II (diabetes tipo 2), deve-se ter cuidado, pois seu excesso causa desequilibrio ciclo do cortisol fazendo o efeito inverso. A recomendação de até 2 xícaras de café ao dia!
Ômega 3: antinflamatório, modulador de insulina e cortisol. Essencial! Quem não consome peixe pelo menos 3 vezes por semana deve suplementá-lo. Obs: Procure um profissional nutricionista para saber a quantidade ideal de suplementação.
Cereja (in natura): rica em triptofano. Diminui compulsão por doces, melhora humor (boa para a TPM), controla níveis de serotonina.
Além da alimentação, é importante a exclusão de alguns hábitos nocivos que também estão diretamente relacionados a uma maior probabilidade de infertilidade como: fumo, álcool, excesso de café, sedentarismo, excesso de corantes, medicamentos e agrotóxicos, além do próprio estresse do dia a dia.
Permita-se cuidar de você! Invista em sua saúde física, mental e espiritual.






quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NUTRIÇÃO PARA A SAÚDE DA PELE


A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, exercendo funções importantíssimas, como a formação de barreira protetora do organismo, manutenção de temperatura corporal, função imune e foto-protetora, além da característica estética de nos embelezar, quando bem cuidada!

Falando um pouco de nutrição para a pele, devemos destacar em primeiro lugar, a importância das proteínas, que são responsáveis  pela sua estrutura, formando colágeno e queratina.

Algumas vitaminas e minerais, também são essenciais para a pele, pois são responsáveis, assim como as proteínas, pela formação e manutenção de sua estrutura, fazendo com que ela exerça seu papel como órgão. Além disso, são importantes para a cicatrização, ajudam no processo de formação de colágeno e elastina, que contribuem para manter a firmeza da pele e contêm antioxidantes, importantes para retardar o envelhecimento precoce e para a foto-proteção.

Podemos destacar dentre as principais vitaminas e minerais para a saúde da pele:

Cromo: carnes, ovos, ostras, gérmen de trigo, levedo de cerveja, grãos integrais, queijo, pimentão, banana, espinafre.

Magnésio: leite, nozes, frutos do mar, cereais integrais, soja, feijões, abacate.

Manganês: grãos integrais, frutas e vegetais.

Selênio:  frutos do mar, miúdos, cereais integrais e nozes.

Silício: manga, banana, tâmara, abacaxi, tangerina, frutas secas, lentilha, espinafre, pepino.

Zinco: carnes em geral, cereais integrais, vegetais, pasta de gergelim, ovos, cogumelos e aveia.
 Vitamina A: frutas e vegetais amarelo-alaranjados, ovos, óleo de fígado de bacalhau.

Complexo B: frutas, verduras, carnes, leites, cereais integrais, nozes e castanhas e geléia real.

Vitamina C: Frutas e verduras em geral.

Vitamina D: Ovos, óleos de peixes em geral, peixes, e leite fortificado.

Vitamina E: óleos vegetais e animais, abacate, açaí, nozes e castanhas.

Gostaria de ressaltar a importância do adequado consumo de água, esta é mais que essencial para a saúde pele, pois atua no processo de hidratação e detoxificação, mantendo-a viçosa e hidratada!

Dica: Calcule 35ml de água por kg de peso corporal, assim você saberá o quanto precisa consumir ao dia. Exemplo:Maria pesa 60kg. 60x35= 2100. Maria necessita de 2,100 litros de água ao dia.

Para saber se você está mantendo uma alimentação balanceada e rica em nutrientes importantes para a saúde da pele, é essencial que busque um profissional nutricionista para uma avaliação mais individualizada.



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Reprodução Humana: Seleção genética ajuda bebês a nascerem com saúde perfeita


Objetivo é evitar transmissão de doenças hereditárias. No Brasil, seleção genética segue normas rígidas determinadas pelo Conselho Federal de Medicina.

Na Inglaterra, a seleção genética, escolha do embrião que será implantado no útero da mãe, mudou a história de uma família traumatizada pela perda de um filho. 

Um menino às vezes dorminhoco, às vezes, comilão, mas sempre um xodó. E como gosta de colo. Ele veio ao mundo há 10 semanas para devolver a alegria ao casal Nicky e Neil Halford, moradores de uma cidadezinha a 250 quilômetros de Londres. Papai e mamãe sonhavam com essa criança. Um bebê que foi desenhado em laboratório para nascer com a saúde perfeita. 

O nome dele é Tom - aliás, nome escolhido por Ben - o irmãozinho que Tom jamais vai conhecer. Ben morreu em 2010, logo depois de completar 5 anos de idade. Ele teve um câncer no cérebro, resultado de uma doença rara que herdou da mãe. 

Nicky, de 36 anos, explica que é portadora da Síndrome de Li-Fraumeni, uma doença hereditária, que faz aumentar a predisposição ao desenvolvimento de tumores malignos antes da terceira década de vida. 

Ela própria teve câncer nos seios aos 21 anos de idade e se curou, sem saber que a doença tinha sido causada pela Síndrome de Li-Fraumeni. Tanto que engravidou de Ben. A morte dele mudou a história da família Halford. 

A primeira ideia do casal foi jamais ter outro filho para não correr o risco de passar a síndrome adiante e repetir o pesadelo. Mas havia uma alternativa que não dependia da natureza: a seleção de embriões fertilizados em laboratório. Depois de sete tentativas durante um ano, os cientistas conseguiram identificar um embrião sem a presença do gene maligno. Esse embrião saudável foi implantado no útero de Nicky. E foi assim que nasceu Tom, totalmente livre da síndrome. 

“Ben era nosso filho querido e sempre estará em nossas doces lembranças, mas não seria justo carregarmos luto pra sempre. O caminho para o nascimento de Tom foi ensinado por Ben”, conta a mãe. 

Tom nasceu dois anos depois da morte de Ben. O risco de algum dia ele também ter um tumor igual ao que matou o irmãozinho é de apenas 4%. Seria de 50% se não fosse o milagre da ciência. Tom é saudável e os pais estão felizes. A morte de Ben não foi em vão. 

O laboratório fica em Londres. A doutora Sioban Sengupta, diretora do centro de pesquisas genéticas, explica que a ciência reduziu a níveis normais, como o de qualquer pessoa, a probabilidade de Tom ter câncer no futuro. 

''Não seria ético e nem legal, no caso da Grã-Bretanha, fazer escolha de sexo, cor dos olhos e outras aberrações. Mas, quando a ciência pode salvar ou prolongar vidas, pecado é não usá-la”, afirma Sioban. 

A técnica usada na Inglaterra para o nascimento de Tom existe no Brasil. Chama-se "diagnóstico genético pré-implantação". E é capaz de analisar todos os 23 pares de cromossomos de um embrião. Os médicos examinam o DNA de uma única célula do embrião. 

“Nós aumentamos esse DNA exponencialmente em milhões de vezes, chega a ser bilhões de vezes para poder proceder as diversas análises”, explica o geneticista Péricles Hassun Filho. 

Depois, as informações sobre a existência ou não da doença congênita são discutidas entre a clínica de reprodução e os pais. 

Ivan é portador de um mal hereditário que ataca o fígado e passou por um transplante. Quando decidiu ser pai, buscou um embrião selecionado em laboratório, livre do gene que dispara a doença. Nasceu Lucas, hoje com 2 anos. 

“No momento da gravidez o que mais nos confortou foi saber que a gente tinha eliminado essa doença. O risco de ele ter a doença é 0,0...%, percentual muito pequeno, porque, por mais que a ciência esteja avançada, não te dá garantia de 100%”, conta Ivan. 

No Brasil, a seleção genética segue normas parecidas com as da Inglaterra. O objetivo é sempre o de detectar problemas de saúde. A resolução do Conselho Federal de Medicina é clara: “Toda a intervenção sobre embriões in vitro, com fins diagnósticos, não poderá ter outra finalidade que não a de avaliar sua viabilidade ou detectar doenças hereditárias”. 

Eduardo Motta é especializado em reprodução assistida. “Existiria um questionamento ético se nós não estaríamos selecionando por demais os embriões. No meu ponto de vista, esse é um avanço da ciência em prol da saúde humana, e não contra a saúde no sentido de fazer essa seleção com intuito de ter um indivíduo melhor habilitado”, afirma o ginecologista Eduardo Motta. 
Tom e Lucas são tudo que os pais sonharam: dois meninos felizes e saudáveis, como qualquer outra criança. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reprodução Humana: Prematuros e "Método Canguru".


Aos 30 anos, 'método canguru' ganha adeptos no mundo.

Maria Elena Navas
Da BBC Mundo

Todos os anos, cerca de 20 milhões de crianças nascem no mundo com peso mais baixo do que o normal, seja devido a partos prematuros ou problemas durante a gestação.
Entre essas, ao menos 500 mil morrem anualmente, principalmente nos países mais pobres; e, para muitos outros bebês, ter nascido de forma prematura implicará em um alto risco de sofrer complicações e problemas crônicos ao longo da vida, tanto físicos quanto mentais.
Em muitos países, o cuidado tradicional aos bebês prematuros envolve atendê-los em uma unidade de cuidados intensivos, onde ficam isolados e protegidos em incubadoras ou berços especiais.
Mas cada vez mais cresce a defesa de uma outra forma de acolher as crianças: o jeito "canguru".
No início da década de 1980, o médico Edgar Rey Sanabria, professor de neonatologia e pediatria do Instituto Materno Infantil de Bogotá (Colômbia), estava alarmado com a taxa de mortalidade de bebês prematuros em seu hospital.
Por isso, decidiu introduzir um novo método para enfrentar a falta de incubadoras e de atenção especializada para esses bebês: ele sugeriu que as mães tivessem um contato contínuo pele-a-pele com seus bebês prematuros ou de baixo peso, para mantê-los quentes e para facilitar a amamentação.
Se um recém-nascido precisasse de oxigênio, seria administrado com uma pequena máscara enquanto estivesse dormindo sobre o peito de sua mãe, e não isolado em uma área de cuidados intensivos.
"Rey Sanabria idealizou o método que viria a se chamar 'Método Mãe Canguru (MMC)'", diz Natalie Charpak, diretora da Fundação Canguru, na Colômbia. Ela coordena um estudo sobre o impacto físico e mental a longo prazo do MMC, cujos resultados devem ser publicados em outubro.
"Um dos riscos do bebê prematuro é que ele ainda não conseguiu desenvolver um sistema de regulação térmica. O pediatra mostrou que, com esse contato permanente de pele-a-pele, é possível obter um controle de temperatura tão bom quanto o da incubadora", acrescenta.

Expansão internacional

O método não só conseguiu reduzir a mortalidade, mas melhorou o desenvolvimento dos bebês. Com o tempo, foi se expandindo a outros hospitais colombianos e tornou-se conhecido também em outros países, mas não foi inicialmente bem recebido pela comunidade pediátrica internacional.
"O doutor Rey publicou suas observações empíricas. Mas faltava avaliar os resultados a longo prazo, o que havia acontecido com os bebês que não precisavam regressar para consultas no hospital, como estava seu estado de saúde, etc. E isso gerou uma rejeição da comunidade médica tanto na Colômbia quando no resto do mundo", diz Charpak.

Contato contínuo

Foi apenas nos últimos anos que finalmente se conseguiu validar com sucesso os benefícios desta estratégia para recém-nascidos prematuros, e estudos têm mostrado que o método reduz ainda as complicações de saúde, tanto físicas quanto mentais, associadas ao baixo peso ao nascer.
"Em 1986 criamos a Fundação Canguru, para avaliar os resultados a longo prazo do método. E nos últimos 15 anos recebemos 60 equipes de 30 países. Na América Latina o método se expandiu rapidamente nas maternidades de clínicas e hospitais", diz a pediatra.
Ela destaca o caso do Brasil, onde o método foi implementado em 1997 e, dez anos depois, oficializou-se como política pública com a publicação de uma portaria do Ministério da Saúde.
Estudos realizados em outros países também fortaleceram a ideia de que o método não é apenas indicado como alternativa para nações mais pobres, mas sim uma estratégia que apresenta benefícios em comparação com os cuidados tradicionais.
Charpk diz que hoje o método chega a reduzir em até dez dias o período de internação hospitalar dos prematuros, o que tem "grande valor em todos os lugares, e não só em países em desenvolvimento". Além disso, o MMC reduz a taxa de infecções, favorece a produção de leite da mãe e faz com que o bebê aumente de peso mais rapidamente.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Reprodução Humana: Infertilidade - Contagem Regressiva


CONTAGEM REGRESSIVA
Você quer muito ter mais um filho, mas ainda não decidiu quando e está adiando a gravidez? Será que dá pra esperar? CRESCER consultou especialistas em reprodução para ajudar a descobrir como estará sua fertilidade até lá.
                                                                                                        Por Cíntia Marcucci

Quando você faz plano, pensa que talvez esteja faltando um integrante na sua família.                                                                   Só que não agora. Você e seu companheiro querem esperar o filho crescer um pouco, ou as finanças se estabilizarem, ou mesmo curtir a fase que estão vivendo. E então, surge aquela dúvida que só quem é mulher sente: “Será que ainda estarei fértil quando resolver engravidar de novo?”.
Infelizmente, a questão do relógio biológico feminino ainda faz com que a vida familiar precise do mínimo de programação. Pelo menos enquanto a ciência não achar uma solução para isso. Uma pesquisa recente feita com células tronco por estudiosos do Hospital Geral de Massachussets, nos Estados Unidos, e da Universidade de Edimburgo, na Escócia, observou evidências de produção de óvulos na vida adulta de fêmeas de camundongos. Isto significa uma esperança de que existam óvulos novos ao longo de toda a vida feminina. Por serem mamíferos e com material genético praticamente idêntico ao nosso, essa descoberta é bastante importante. “São pesquisas promissoras, mas, por ainda não terem sido comprovadas em humanos, é preciso de mais tempo e estudos” explica Silvana Chedid, diretora clínica do Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI), em São Paulo.
  Ao que tudo indica no fundo a idade não será mais um fator to crucial para ter filhos. Pelo menos não fisiologicamente, apesar de você ter de levar em conta o fôlego e energia. Mas até que isso ocorra, vale contar com alguns fatores na hora de avaliar seu “prazo de validade”. Entenda a influência de cada um deles – e o que você pode fazer para postergar ao máximo sua fertilidade.

1. A primeira gravidez
Vamos começar pela parte boa: o fato de você já ter engravidado é um sinal de que, em teoria, não há nada que impeça uma nova gestação. E a sua primeira gestação também pode ajudar em alguns aspectos. “Da pra dizer, de uma maneira bem simplista, que a gravidez e a amamentação são uma proteção para o corpo da mulher. É como se ele terminasse de amadurecer nesta fase”, explica Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês (SP). Por mais grosseira que a comparação possa parecer você já deve ter ouvido sobre a necessidade de que as cadelas não castradas tenham uma cria para protegê-las de infecções no aparelho reprodutivo. A gravidez também ajudaria a tornar o útero humano mais resistente, mas, para que isso aconteça, é preciso seguir a rotina anual de exames ginecológicos, que previnem problemas que atrapalham a concepção, como endometriose, ovários policísticos, pólipos e miomas. Por outro lado, a chamada infertilidade secundária não é uma raridade. “As chances de fertilidades para engravidar uma segunda vez são as mesmas que para primeira”. Explica Jonathas Borges Soares, especialista em medicina reprodutiva e membro do projeto Beta, iniciativa que oferece tratamento de infertilidade para casais de acordo com suas possibilidades econômicas, em São Paulo. Estima-se que o problema afete cerca de 1 milhão de casais nos EUA e, por aqui, é uma
 queixa que os especialista ouvem de 30% dos pacientes nos consultórios. Se a dificuldade para engravidar estiver grande, é possível fazer um exame de contagem dos óvulos (chamado antimulleriano), mas ele só mede a quantidade, e não a qualidade do gameta feminino. E vale lembrar que de todos os modos os casos diagnosticados de infertilidade, seja numa primeira, segunda ou terceira gravidez, 30% tem causas femininas, ligada a problemas do aparelho reprodutor. Outros 30% são masculinas, principalmente por causa da varicocele (veias dilatadas nos testículos) ou bloqueios nos canais reprodutores. Outros 17% envolvem questões de ambos os lados e o restante não tem causa definida.

 2. A questão do tempo
A cada mês que passa entre uma gestação e outra, além da sua idade aumentar, crescem as possibilidades de você ter alguma infecção ou problemas daqueles citados no item anterior. E, a partir dos 35 anos, engravidar fica cada vez mais difícil. Depois dos 43, uma gestação natural é rara. Isso porque, até que se comprove a pesquisa feita com os ratos, você nasce com todos os óvulos. É  teoria que mais apresenta sinais de ser verdadeira”, explica Edward Carrilho, especialista em reprodução humana da clinica engravida, em São Paulo. Estima-se que na época da primeira menstruação, as mulheres tenham 500 mil óvulos e,  se nunca houvesse nenhum anticoncepcional (uma vez que eles inibem a ovulação) menstruariam 500 vezes até a menopausa, que ocorre por volta dos 50 anos. Em cada ciclo, cerca de mil possíveis óvulos entram em ação, mas, normalmente, apenas um fica pronto para ser fecundado. Todos os outros são descartados. Para quem toma pílula a diferença é que nenhuma célula  amadurece, ainda que ela também sejam expelidas. Com o passar dos anos o números de óvulos na reserva diminui e como eles estão lá desde sempre, sofrem a ação do tempo. Por isso se diz que,  quanto mais velha, menor a qualidade deles – o que implica em mais riscos de fetos com problemas e abortos.
  Para quem está indecisa ou tem receio que o timing seja diferente dos prazos que o organismo estabelece, o congelamento de óvulos é uma alternativa. Ela está cada vez mais comum e o ideal é que seja feito até os 35 anos. “Após essa idade, não é aconselhável, pois já serão óvulos velhos”, explica Fernando Prado, ginecologista e especialista em reprodução humana da clínica Huntington (SP). Com medicamentos para induzir a ovulação e um procedimento clínico, os especialista retiram os óvulos e os mantem em um banco. O tratamento completo, com medicamento, custa entre R$ 2 mil a R$ 5 mil (mais uma taxa anual, em torno de R$ 1 mil para o banco), e recomenda-se congelar cerca de dez óvulos – que pode resultar em duas gestações e devem ser utilizados preferencialmente nos dez anos seguinte, embora não haja prazos definidos para que eles fiquem impróprios.

3. Fator rotina
É, aqui você vai ler toas aquelas recomendações sobre vida saudável: alimentação correta e balanceada, não fumar, não beber em excesso, praticar atividades físicas, não estar muito acima nem muito abaixo do peso ideal... Tudo isso ajuda a manter a fertilidade na ordem do dia. Ou, melhor dizendo, não atrapalha o funcionamento do seu corpo. De acordo com Jonathas Soares, o que influência de maneira mais aguda a fertilidade é a obesidade ou a magreza excessiva, pois isso afeta diretamente na ovulação, podendo até suspendê-la. Os outros maus hábitos atingem mais na qualidade dos gametas. E lembre-se que os anticoncepcionais não atrapalham a retomada a fertilidade. Basta parar de tomar a pílula para ovular de novo e, no caso de injeções de progesterona e DIU (dispositivo intrauterino com hormônios), o tempo de retomada do ciclo normal varia de três a 12 meses. Por isso, faça as contas conforme o método que você utiliza para saber quando é a hora de parar de tomar.

Revista Crescer